quinta-feira, 29 de julho de 2010

A Vida Secreta das Palavras

Há uns anos vi este filme, A Vida Secreta das Palavras. Contava a história de um homem que perde a visão num acidente numa plataforma petrolífera. Há então uma mulher que vai cuidar dele, durante o tempo de recuperação. Entre os dois cria-se uma relação natural, sem as purpurinas típicas do cinema comercial.
Mas o que mais relembro do filme é mesmo o título, bem mais interessante na nossa tradução do que no original, apesar de ser exactamente igual, The Secret Life of Words. Não sei porquê, mas em português soa tão bem! A Vida Secreta das Palavras, parece até que estou a imaginá-las, a voar pelo céu, à transparência, quase imperceptíveis ao olho humano.
Ui... Hoje estou um bocado out...
Mas tudo isto me veio à ideia por causa do meu gosto pela leitura, que já aqui referi várias vezes. E este título tem tudo a ver com a magia dos livros. De facto, podemos acreditar que as palavras têm uma vida secreta e que inspiram os escritores a desenvolver determinada história... Será? É irrealista, eu sei, mas ao mesmo tempo tem a sua beleza.
Acabei recentemente de ler A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, que é uma daquelas histórias que nos prende do princípio ao fim, apesar da má tradução (mais vale ler o original, em espanhol)! É um livro sobre outro livro e sobre essa magia que a literatura, feita toda ela de palavras, é capaz de operar nas nossas vidas, entranhando-se em nós, moldando as nossas escolhas e decisões.
Também com este livro senti as inquietações de temer por uma personagem, pelo seu futuro, como se de pessoas reais se tratassem. Pode parecer ridículo, mas andei durante semanas a evitar ler o final do terceiro e derradeiro volume de O Senhor dos Anéis, simplesmente por pensar que o Frodo ia morrer e eu recusava-me a compactuar com esse fim. A solução que arranjei foi ler as últimas páginas. Foi assim que percebi que ele sobrevivia a uma missão que eu supunha ser impossível e consegui afastar aquela angústia que me consumia e acabar, tranquilamente, de ler o livro.
A verdade é que vivo as histórias com muita intensidade, componho as personagens e os cenários na minha cabeça e só assim é que consigo agarrar-me à história, por vezes, em demasia. Mas é tão boa aquela sensação de não conseguir parar de ler, ou então esperar ansiosamente pela hora de almoço ou pelo final do dia para poder voltar a pegar no livro e descobrir a vida secreta das palavras que nele habitam!

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