Na sexta-feira o meu serão foi passado nas urgências... Entrei lá às 22h38 cheia de comichões e borbulhas, algo que começou ainda no Líbano, há mais de um mês e que eu fui adiando e pensando: "Ah... Isto deve ser uma alergia qualquer, há-de passar!". Mas cada vez ficava pior, até que comecei a mentalizar-me que teria de ir ao médico, o que sucedeu nesse dia...
Claro que a importância que deram ao meu problema foi quase nenhuma. Vai daí, na triagem espetaram-me com uma pulseirinha verde, que é o mesmo que dizerem: "Agora vais para a sala de espera e ficas lá cinco horas a gramar, que é para perceberes que uma borbulhinhas e umas comichõezinhas não são problemas dignos de uma urgência!".
Para mim eram, de outra forma não tinha lá posto os pés. Aliás, ainda ponderei se devia ir ou não, porque já sabia o que me esperava... Mas o meu fantástico e incansável Mr. Big não me deu tréguas. Coitado, provavelmente porque não tinha qualquer conhecimento de causa sobre borbulhas e comichões nas urgências...
E assim, lá ficámos... Primeiro ainda conversámos, depois começámos a jogar nos telemóveis... Ao fim de hora e meia já ele dizia: "Se soubesse que ia demorar tanto, tinha trazido o PC e sempre ia trabalhando.". Ao que eu respondi: "Ainda vais a tempo, de certeza que quando voltares eu ainda estou aqui no mesmo sítio!"
E a hora e meia deu lugar a duas, três, quatro horas de espera... Nesta fase, eram já quase três da manhã e nós já estávamos completamente em modo nonsense. E apesar de tudo, mantínhamos a boa disposição.
A sala de espera já estava meio vazia, tínhamos passado por aquela fase em que os pacientes já estão completamente desvairados e mandam vir com os seguranças, os recepcionistas, com as paredes, as cadeiras... E como nós os compreendíamos, estávamos a passar pelo mesmo.
Os seguranças iam fazendo conversa de circunstância, tentando descartar qualquer culpa pelo mau funcionamento do sistema, e diziam aos queixosos: "Estou a cumprir ordens", ou "O segurança não está para dar informações nem chamar as pessoas, as pessoas é que têm de ouvir com atenção a chamada!". Ou seja, o discurso típico dos seguranças a que todos nós estamos habituados e tão bem conhecemos.
Nisto, foi sentar-se à nossa frente um velhinho de longas barbas grisalhas, que andava lá pela sala e ora se sentava num sitío, ora noutro.
O meu Mr. Big olha para o homem, olha para mim, e nem foi preciso dizer nada... Pensámos ambos o mesmo e a reacção foi risota total! Quando nos recomposémos, depois de termos deixado todas as pessoas da sala a olharem para nós escandalizadas, ele diz: "Aquele senhor deu entrada nas urgências porque caiu do baloiço em criança e ainda está à espera... Também deve ter uma pulseira verde..."
Ao nosso lado, estavam duas ex-vizinhas que se reencontraram ali. Pareciam as velhotas do Gato Fedorento, uma dizia "tenho bicos de papagaio", ao que a outra respondia "tenho joanetes", e desenvolveram todo um diálogo com base nas maleitas de cada uma delas. O mais caricato é que uma das senhoras tinha voz de homem e cada vez que ela falada era um fartote de riso para nós.
Conclusão: quase cinco horas depois fui vista por uma médica. Meia-hora depois, já passava das três da manhã, saí do hospital com duas injecções intra-venosas no bucho, mais um comprimido anti-histamínico e uma receita de antibiótico e mais anti-histamínicos para tomar, que é o que andado a fazer até agora. Hoje, para ajudar à festa, o antibiótico pregou-me uma surpresa e passei o dia com náuseas e vómitos! A pior parte e também a mais ridícula é que nem sei se isto tudo está a surtir efeito porque, ainda que com menos intensidade, continuo com comichões!! (Será apenas psicológico?)
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