Recém-chegada do Líbano, confesso que ainda dou por mim em Lisboa a fazer comparações com o que vi por lá. Cada vez que atravesso uma estrada, seja na passadeira ou nos semáforos, relembro a sensação de aventura que é andar nas ruas de Beirute, seja a pé ou de carro. A escassez de transportes públicos, uma consequência das guerras que destruíram por completo as linhas de ferro, faz com que toda a gente vá de carro para todo o lado. Aliás, é muito raro ver pessoas a andar a pé! Muitos condutores paravam só para nos perguntarem de onde éramos... E os taxistas estavam sempre a apitar-nos e a chamar-nos para dentro dos seus carros. Mas isso também não é estranho, porque lá estão sempre todos a apitar. Não é propriamente uma afronta, é mais uma espécie de precaução, do género "Eu estou aqui, tenham cuidado". Ninguém respeita os sinais. Estar verde ou vermelho é exactamente a mesma coisa porque os carros só param se tiverem mesmo de o fazer, o seja, se houver outras viaturas no caminho.
Os sinais de proibido inversão de marcha são igualmente ignorados. Na rua do Hotel havia um e os condutores que nos transportavam todos os dias davam ali meia volta, mesmo sendo proibido, para nos deixar à porta. Como diria o Ricardo Araújo Pereira em versão Marcelo Rebelo de Sousa "É proibido, mas pode-se fazer... O que é que nos acontece? Nada...".
Mas os libaneses são um povo afável e acolhedor, nunca me senti minimamente em perigo, a não ser quando tinha de atravessar uma estrada.
A gastronomia é mediterrânica, impera o azeite, e os ingredientes predominantes são semelhantes aos nossos, sobretudo os legumes. A diferença está sobretudo na forma como a comida é confeccionada uma vez que eles recorrem muito às ervas aromáticas, algumas das quais não são usadas por nós. As carnes predominantes são o borrego e o cabrito, que eu também não aprecio particularmente e quanto ao peixe, fazem-no frito ou no forno, com molho, ao contrário de nós, preferimos o peixe na brasa, certo?
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