sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Capuchinho Vermelho em versão Morangos com Açúcar

Há dias, ia eu a conduzir para casa depois do trabalho quando comecei, no meio dos meus devaneios, a descorrer uma história alternativa ao tradicional conto do Capuchinho Vermelho...
Confesso que é um dos meus exercícios imaginativos preferidos, pensar em histórias empoeiradas e dar-lhes uma nova roupagem.
Neste caso, é mesmo de roupa que se trata porque a "minha" Capuchinho usa antes uma gabardine toda fashion! E o enredo é muito Morangos com Açúcar...

O desenhinho também é da minha autoria... Vá, podem gozar à vontade!

Aproveito para dedicar esta "short-story" a todas as pessoas que já lêem este blog e das quais vou recebendo alguns feedbacks de vez em quando, e que são sempre tão simpáticos e encorajadores. Obrigada a todos!

E agora segue a história...

Capuchinho Vermelho numa nova versão!

Rita Red Trench Coat e a sua família tinham-se mudado recentemente da Escócia, daí a origem do nome “Red Trench Coat”.

Rita fazia jus ao seu nome e usava sempre uma gabardine encarnada, mas o detalhe estava no interior. É que ela descendia de um antigo clã escocês e por isso o forro do casaco apresentava um padrão de xadrez único, que apenas os Red Trench Coat podiam trajar.

Mas o uso da gabardine tinha também um propósito mais prático uma vez que estando a viver no Gerês dava-lhe jeito um casaco impermeável. Além disso, se por algum motivo ela se perdesse seria bastante mais fácil encontrá-la numa zona em a cor dominante é o verde da vegetação. E agora podem pensar “Ah e tal… Mas se esta história pretende ser moderna, ela podia sempre sacar do telemóvel e enviar um sms grátis para alguém a ir buscar, ou melhor ainda, os próprios telemóveis já têm muitas vezes GPS integrado e a Rita podia guiar-se por aí…”. E eu respondo: “Sim, tudo isso é verdade, mas e se ela ficar sem rede? Ou sem bateria? Ou se o GPS não apanhar sinal de satélite? Por isso, mais vale jogar pelo seguro e vestir a bela da gabardine encarnada, até porque o Benfica anda em grande e os trench coats estão na moda!”

Voltemos então à história.

Na escola, Rita Red Trench Coat era a miúda mais popular. É normal, tendo em conta que as outras raparigas andavam com umas samarras de lã vestidas que não as favoreciam em nada, em vez disso, davam-lhes a aparência de sacas de batatas.

Sendo ela tão popular, naturalmente, tinha todos os rapazes presos pelo beicinho. Os irmãos Cabrito não eram excepção. Ambrósio, Basílio, os gémeos Camilo e Danilo, Edgar, e os também gémeos Felisberto e Gilberto, mais conhecidos como os “Sete Cabritinhos”, em alusão evidente a uma outra história infantil que também envolve um lobo mau, andavam perdidos de amores pela Rita e a sua gabardine encarnada.

Mas havia alguém que não estava a gostar nada desta situação, uma tal de Carina Vanessa Lobo, filha do Presidente da Junta lá da terriola, e que via agora o seu território ameaçado por uma “estranjuca” cujo sobrenome nem conseguia pronunciar.

Para piorar as coisas, Carina Vanessa era loucamente apaixonada por Basílio Cabrito, o mais jeitoso dos “Sete Cabritinhos”, que por sua vez andava de queixo caído por Rita.

A jovem Lobita sabia que tinha de pôr as garras de fora rapidamente caso não quisesse perder a sua presa. Vai daí, armou um esquema que consistia em deportar a rival para a sua terra natal, a Escócia, e de preferência confiná-la às paredes frias de um reformatório. Como sabia que Rita ia todas as semanas visitar a avó, que vivia em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês, a ideia era colocar-lhe na mala uns cogumelos alucinogénicos ilegais e denunciá-la às autoridades competentes.

Se assim o pensou, melhor o fez… Ligou ao Óscar Lenhador, o seu fornecedor habitual de substâncias ilícitas (adoro este palavreado técnico!), e amigo colorido (já que Basílio não lhe ligava nenhuma e ela tinha de afogar as mágoas de alguma forma), encomendando-lhe uma dose suficiente para incriminar a mais singela das criaturas. Até o Bambi ou o adorável coelhinho Tambor, se fossem apanhados com tal quantidade, nunca mais sairiam de trás das grades.

O plano continuou sobre rodas e Carina Vanessa escondeu o carregamento de cogumelos na mala catita de Rita precisamente no dia em que esta planeava ir visitar a avó. Mas, a pequena Loba em pele de cordeiro tinha uma língua mais comprida do que a de um papa-formigas e em vez de ficar caladinha (porque um segredo só se mantém secreto se apenas uma pessoa o souber, aprendi eu às uns tempos) contou tudo ao seu dealer/amigo colorido.

A parte que ela desconhecia (porque ao contrário dela, Óscar mantinha muitas histórias em segredo) é que a avó de Rita e a grande matriarca da família Red Trench Coat, era também uma “ganda maluca” e uma das suas melhores clientes. Vai daí, o pequeno mafioso contou tudo à senhora. Esta não foi de modas e disse-lhe exactamente o que fazer: os cogumelos alucinogénicos deveriam ser-lhe entregues a ela e para substituir os de Carina Vanessa entregou-lhe uns cogumelos secos que ela tinha comprado no supermercado e que estavam para lá arrumados na despensa para serem usados para acompanhar uma bela gelatina de fígado, prato típico escocês.

A meio do caminho para casa da avó, Rita foi interpelada por um grupo de polícias que tinham recebido uma denúncia anónima referente a uma “indivídua” de gabardine encarnada que, supostamente, levava um carregamento de substâncias ilícitas (volto a dizer: adoro termos técnicos!) dentro da mala.

Rita, que pensava não ter nada a temer, deixou-os revistar a mala… E eis que deram com os cogumelos… Mas rapidamente perceberam que de alucinogénicos não tinham absolutamente nada!

Conclusão: dias mais tarde, quando Carina Vanessa, furiosa por o seu plano não ter resultado, chegou a casa, encontrou uma bela pizza 4 Estações ainda quentinha em cima da mesa. E ela, que em momentos de maior irritação se desforrava na comida, não resistiu e devorou a pizza em três segundos, sem sequer se aperceber que estava carregadinha de cogumelos…

Os pais foram dar com ela a arrancar o estuque da casa e a comê-lo, dizendo que sabia a galinha estufada. Carina Vanessa acabou por ser internada numa clínica de reabilitação/hospital psiquiátrico e por lá ficou alguns anos, até aprender a ter juízo e a não pisar os calos aos outros. Nunca se soube como é que a pizza lá foi parar, mas eu tenho cá as minhas suspeitas que a matriarca Red Trench Coat teve qualquer coisa a ver com isso…

Rita, que apesar de ser a protagonista nesta história, acaba por ser abafada pelas outras personagens bem mais interessantes, continuou a sua vidinha descansada até entrar para a faculdade na Escócia, onde conheceu Tom Wolf, um professor trintão e jeitoso que lhe deu a volta à cabeça… Mas isso já é outra história!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Kids versus Adults Day

Neste sábado deixámo-nos levar por aquele lado infantil que todos nós temos (confesso que o meu é bastante pronunciado, deve ser do excesso de mimo, admito), ainda que com uns toques "grown-up".
Entre as muitas exposições que estão espalhadas um pouco por toda a Lisboa e arredores escolhemos (eu escolhi...) ir ver a Ilustrarte, uma mostra de ilustração infantil que está no Museu da Electricidade.
Agora entra a parte "grown-up", ou simplesmente parva... É que, como estavamos cheios de sede, passámos antes pelo bar e, apesar de serem cinco da tarde achámos interessante beber um cocktailzito em vez da simples águinha ou do inofensivo suminho... Vai daí, serviram-me um Long Island Ice Tea (uma espécie de chá das cinco cosmopolita, pensei eu), que chá frio não tinha muito! Mas bebia-se muito bem...
Depois de matarmos a sede (e os micróbios, tal era a quantidade de álcool naqueles copos!), lá fomos para a exposição, e aquilo até foi bem divertido! Ocorreram-nos inúmeras ideias de histórias infantis, estavamos inspiradíssimos!
Quando saímos, pensámos; "Bom, está na hora de nos comportarmos como adultos, e para isso, o melhor é ir encher o estômago com comidinha!". Fomos então ao À Margem, que fica ali na zona e tem umas torradinhas com doce que são as melhores que eu já alguma vez comi, e se eu gosto de torradas! Também pedimos uma bela "sande" catalana, igualmente deliciosa! E para adoçar a boca e relembrar meninices, teminámos com café e brigadeiro (um para os dois, claro).
À noite, depois de nos aventurarmos em mais um restaurante recomendado pela Time Out (desta vez saímos um pouco desiludidos), ainda pensámos ir a qualquer lado, mas chovia tanto! Só para chegarmos ao carro ficámos encharcados.

Assim sendo, acabámos por ir buscar um filminho ao clube. Ora, para terminar em beleza o nosso kids vs. adults day, optámos por um filme de animação... Mas não um qualquer! O escolhido foi Coraline, a história bastante spooky de uma menina que vive numa casa assombrada, com direito a bonecas vudu e bichos nojentos!
Um conselho, se tiverem crianças pequenas na família não as deixem ver, ou vão causar danos irreversíveis nas suas cabeças! Eu que o diga: os meus traumas com tubarões são o resultado de ter visto o dito filme quando tinha cerca de seis anos de idade...
E posto isto, bons sonhos!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Em Amesterdão (Parte III - Ainda os hábitos gastronómicos)


Há por lá umas casas que têm na parede uma espécie de vending-machine com fritos ainda a pingar óleo… E é preciso colocar o valor exacto porque as ditas máquinas não dão troco! Claro que estas indicações só estão escritas em holandês, o que faz com que alguns turistas crédulos e deslumbrados (entre os quais eu me incluo) sejam roubados na primeira vez que se aventuram a sacar croquetes de batata ou salsichas panadas!

Comida típica é coisa que eles não têm. A menos que consideremos as batatas fritas como tal!

Mas também há coisas boas! Os waffles são deliciosos, têm coberturas de tudo e mais alguma coisa! Um dos que comi tinha um creme de banana.

Para os fãs de chocolate, como eu, há lojas e produtos muito interessantes. Por exemplo, fomos tomar o pequeno-almoço a café todo catita, parecia o equivalente aos nossos cafés Magnólia. Vai daí, pedi um chocolate quente. Serviram-me uma caneca de leite quente e uma colher com um cubo de chocolate agarrado (tal e qual a da fotografia) que se coloca dentro do leite e vai-se misturando. E há muitos sabores diferentes! Encontrei as colheres no aeroporto e não resisti… Quando me der a saudade é só aquecer uma chávena de leite e mexer…

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Em Amesterdão (Parte II - Os hábitos gastronómicos)

A ideia com que fiquei é que os holandeses são viciados em batatas fritas e comem muito mal, de forma geral.

Há lojas que só vendem batatas fritas! São fritas na hora e colocadas em cones, como as nossas castanhas. E depois é vê-los pela rua a deliciarem-se. O pior é o cheiro a óleo queimado… Tenho a impressão de que se a ASAE inspeccionasse aquelas fritadeiras até se benzia…

Também há muitas casas que vendem simultaneamente três tipos de iguarias muito distintas: comida israelita (pitas shoarmas, etc…), fatias de pizza, e waffles… Sim, é estranho, mas é a realidade. No topo das vitrinas estão expostos os doces: waffles e donuts de todas as cores, que nos entram pelos olhos dentro. No centro estão as pizzas, enormes, já cortadas em várias fatias. Por baixo colocam uma espécie de hot-dog israelita que consiste num pão com uma salsicha coberta com um molho de queijo que pode ter pimentos, frango picante, e muitas outras coisas que eu não consegui perceber o que eram. E, claro, há sempre o belo do espeto “shoarma” a rodar…

Em Amesterdão (Parte I - As bicicletas)

Uma vez em Amesterdão, fui confrontada com a dura realidade do frio! Eu nunca tinha sentido temperaturas tão baixas. E sendo eu uma pessoa muito friorenta, acabou por ser um pouco doloroso…

O Hotel, muito bem situado e com uma relação qualidade/preço extremamente satisfatória, tinha um recepcionista português, que, talvez por isso, nos disponibilizou um quarto fantástico: espaçoso, com uma enorme janela e, mesmo assim, quentinho (nem quero imaginar o que eles gastam em aquecimento).

Feito o check-in, largadas as malas no quarto, era tempo de ir reconhecer o terreno… A primeira diferença que salta à vista é a quantidade incontável de bicicletas que encontramos na rua. Entre as que circulam pela estrada e as que estão estacionadas, posso assegurar que há milhares de bicicletas em Amesterdão! E até há parques de estacionamento próprios (como se vê na fotografia). O mais engraçado é, por exemplo, nas estações de comboios, em que vemos o parque para automóveis vazio e o das bicicletas completamente lotado. Desconfio que muitos dos habitantes de Amesterdão têm meia dúzia de "biclas" estacionadas em pontos estratégicos, só para não terem de levá-las nos trasportes públicos. O que me leva a ter esta suspeita é que apesar de ser permitido, não vi uma única no interior dos ditos transportes!

É engraçado pensar que enquanto há uma boa quantidade de portugueses com mais do que um telemóvel, no Holanda o mesmo paralelismo ocorre com as bicicletas...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

O voo para Amesterdão

Na sexta-feira lá fui eu rumo a Amesterdão.
Calhou-me um lugar na última fila do avião, o que já de si é aborrecido porque na hora de sair temos de esperar horrores de tempo até que todos os passageiros desocupem o caminho.
Mas o pior não foi isso… É que os dois comissários de bordo que iam no voo estavam mais interessados em conversar do que em trabalhar. Ora eu, na última fila, mesmo na cauda do avião, onde eles costumam estar, tive de levar com as “duas comadres” durante toda a viagem. Resultado: não só não me deixaram dormir como falavam de uma forma muito pouco própria para pessoas que trabalham directamente com os clientes da empresa (que é nada mais nada menos do que a maior companhia de linha aérea portuguesa!).
Assim sendo, aconselho que ponderem o tipo de formação dada aos colaboradores, e se estes estão aptos ou não a desempenhar as suas funções com o profissionalismo necessário, porque colocar ao serviço dois "gajos" que falam alto e só dizem asneirada, não me parece nada adequado...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Valentine's Day... in Amsterdam!

O Dia dos Namorados não me diz grande coisa.
No entanto lembro-me daqueles bilhetinhos que recebia quando era miúda a dizer algo do género: "Queres namorar comigo? Sim/Não/Talvez". Isso sim, era giro!
Agora, adulta, sou da opinião que se dá demasiada importância a um dia que é apenas isso: mais um dia numa relação a dois. O problema é que, por norma, os casais acomodam-se, e esta é a forma de fugir à rotina. Oferecem-se corações e ursinhos de peluche cheios de mensagens pirosas, rosas vermelhas, bombons, janta-se à luz das velas... Tudo isto vazio de sentido e sem a capacidade de reacender uma chama que muitas vezes já nem arde.
Mas este ano vou viver uma experiência diferente nesse dia!
Não que tenha sido propositado, mas, por acaso, vou estar em Amesterdão e estou curiosa para ver se os holandeses também celebram o Valentine's Day de forma pirosa...
Para já, estou a planear a viagem, e romantismo não vai faltar! Todos os dias, e não apenas a 14 de Fevereiro!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Papeladas e assinaturas...

E pronto... Os papéis estão assinados...
Agora é contar os dias até daqui a um mês.
Depois de dois anos e meio, chega ao fim esta etapa da minha vida.
Estou a tentar ser positiva, quero acreditar que se esta porta se está a fechar, uma grande janela abrir-se-á em breve... Só tenho de estar mais atenta.

Para já, vou começar a fazer a minha lista do "Emprego 10" (um dia conto a história das minhas listas "10"...). Primeiro, vou reflectir acerca desta minha experiência e apontar as suas coisas boas e más. O segundo passo é escrever a lista com base nos aspectos positivos e acrescentar outros que considere importantes.
Por fim, o mais importante, mas também o mais difícil: manter-me fiél à minha lista, mas manter-me atenta para não perder possíveis oportunidades boas para mim!
Para os que consideram esta técnica da lista uma parvoíce, deixem-me que vos diga que já resultou anteriormente...

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Próximo Objectivo: Passar o tempo a pintar paredes...

Lá para meados de Março, vou começar a ter muito tempo livre...
Assim sendo, já estabeleci um novo objectivo: pintar a casa!
Ainda estou um pouco em pânico com esta minha decisão. É que, pelo que tenho estado a ver, dá mais trabalho do que eu pensava...
Mas a ideia é precisamente manter-me ocupada, por isso, quanto mais tempo demorar nesta tarefa, melhor!
Ainda estou a ponderar a hipótese de colocar papel de parede numa das paredes da sala...
Claro que se entretanto arranjar um novo emprego, melhor! Contrato logo alguém para pintar a casa!
Até lá, vou aventurar-me no mundo da bricolage...

Well... Wish me luck...


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O Dia Internacional das Zonas Húmidas comemora-se com um Jantar de Gajas, pois claro!

Na terça-feira passada, dia 2 de Fevereiro, celebrou-se o Dia Mundial das Zonas Húmidas, e então surgiu-me a ideia (admito que um pouco bregeira) de organizar um "Jantar de Gajas". A refeição teria igualmente de ser algo relacionado com humidade... Vai daí, toca de ir ao Sushi, que é peixe, vem do mar, mar é água, água é humidade liquída...
Tenho-vos a dizer que foi realmente uma noite muito divertida. Cheia de conversas giras e onde tivemos a oportunidade de juntar algumas pessoas que não viamos há algum tempo!
Espero que a ideia tenha pegado e que, daqui para a frente, o Jantar de Gajas no Dia Mundial das Zonas Húmidas se repita todos os anos.
Infelizmente não há fotos... É que estivemos sempre tão distraídas que nem nos lembrámos de registar o momento... Ou seja, mais um motivo para repetirmos a proeza!
P.S. - Já agora... Alguém me sabe explicar a diferença entre os "Dias Mundiais" e os "Dias Internacionais"?!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pensem... É Grátis!

Cheguei agora do cinema.

Adivinhem o que fui ver: Nas Nuvens... Nem de propósito!
Agora que tenho pela frente um mês e meio de trabalho desmotivador, o masoquismo atinge o seu auge, quando me vejo a pagar um bilhete de cinema para ser mais uma vez confrontada com a realidade.

Enfim... Eu gosto muito de dramas, sobretudo se forem realistas, e este é...
Vemos uma jovem recém-licenciada ansiosa por brilhar no mundo do trabalho, mas sem qualquer noção do que isso é. Vai daí, inventa uma forma de minimizar os custos da sua empresa, especializada em despedimentos: fazê-los por vídeo-chamada!

O mais irónico é que a empresa implementa esta estratégia na sua fase mais lucrativa de sempre! Ou não estivessemos nós em plena crise económica, a mais utilizada desculpa dos tempos recentes para despedir pessoas (eu que o diga!).
Assim, não só têm um aumento de receitas devido à maior quantidade de trabalho, como poupam nas viagens dos seus colaboradores, mensageiros de infortúnio.

O mais interessante, na minha opinião, é ver como a realidade influencia a arte, neste caso, a sétima arte. Falei-vos há dias d'A Estrada, um filme bizarro sobre o preço que podemos pagar pelo nosso actual estilo de vida consumista. Nas Nuvens revela uma situação económica assustadora, que já atirou para o desemprego milhares de pessoas em todo o mundo. O Sítio das Coisas Selvagens é todo ele simbolismo à volta da solidão em que vivem as crianças e a forma como isso as afecta.

E deve haver por aí muitos outros filmes que reflectem implícita ou explicitamente o que é a actualidade, mesmo aqueles que não a abordam, como é o caso de Ágora. Muitos acusaram-no de atacar a religião Católica, mas a verdade é que a sociedade está cada vez mais distante da Igreja e próxima da Ciência. Provavelmente, nunca houve tantas questões por responder como hoje em dia, uma era em que, supostamente, já tanto se sabe.

E até Avatar, com tantos efeitos especiais mas com tão fraca essência, não revela mais do que aquilo em que nos estamos a tornar: muita parra e pouca uva!

Ir ao cinema pode ser uma experiência muito mais rica do que simples entretenimento, basta pensar!

Por isso pensem! É grátis! Ao contrário do cinema...