quinta-feira, 4 de março de 2010

Shutter Island desiludiu-me...

Fui ver o Shutter Island e fiquei decepcionada...
Esperava mais, esperava outra história, ou pelo menos esperava uma linha condutora do princípio ao fim.
O filme baseia-se numa obra de Dennis Lehane, o mesmo escritor que escreveu o excelente Mystic River, passado ao cinema pela genialidade de Clint Eastwood. Mas, e se ambas as histórias falam de sofrimento, perda, derrota, aqui parece haver algum receio na construção do enredo. A sensação que me deu, e posso estar redondamente enganada (mas esta é apenas a minha opinião...), é de que a ideia inicial perde-se a meio por ser um tema tão melindroso nos Estados Unidos - o Comunismo.
Para que melhor me entendam vou resumir minimamente o filme: nos anos 50, pouco tempo depois da II Guerra Mundial, e em pleno emergir da Guerra Fria, dois agentes do FBI são chamados a Shutter Island, uma ilha onde há uma prisão/hospital psiquiático, para investigar o desaparecimento de uma reclusa/doente.
Mas as verdadeiras intenções de um deles é descobrir se ali são praticados métodos bárbaros de lavagem cerebral em pessoas com ideologias de esquerda. Este agente é interpretado por Leonardo DiCaprio, que volta a mostrar um talento enorme, a representar uma personagem traumatizada pela guerra e pela morte.
Aos poucos, a história começa a fugir da rota inicial, a questão do Comunismo e das torturas a que eram sujeitos os pacientes do hospital, para começar a incidir sobre esses mesmos traumas vividos pelo protagonista.
No final, ficamos sem saber o que de facto aconteceu e de que lado está a razão. Fica o dito pelo não dito, numa tentativa de lavar as mãos. O que a história faz é deixar-nos ideias, mas sem tomar uma posição, como se ainda hoje o Comunismo fosse um tema tão melindroso para os americanos como era há sessenta anos atrás... E se calhar é mesmo...
Pode ser só impressão minha, a verdade é que Scorsese costuma ser muito bom a construir personagens ambíguas (como é visível em The Departed), mas sem abrir mão da lógica, e aqui é isso que ficou aquém do que esperava.
Eu saí da sala com a sensação de que durante 140 minutos me estiveram a atirar areia para os olhos!

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