quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Estrada - Um filme que ainda estou a digerir...

Os filmes repletos de efeitos especiais não são a minha onda.

Fui ver o Avatar, e, digam o que disserem da tecnologia, a história em si é uma treta… Aliás, trata-se, na minha opinião, de uma manta de retalhos que mistura O Abismo com A Guerra das Estrelas, entre muitos outros que fui detectando ao longo da projecção…


O que faz um filme, na minha opinião (repito, para não ser mal interpretada), é a história. E essa é a parte difícil, porque a tecnologia está sempre a evoluir, a cada dia que passa é possível fazer mais e melhor. Mas o argumento permanece no tempo. Talvez seja por isso que os meus filmes preferidos resultam quase todos de adaptações cinematográficas de obras literárias.


Recentemente, fui ver A Estrada, cujo argumento é baseado no livro homónimo de Cormack McCarthy, com o qual venceu o Prémio Pulitzer. E ainda estou a digeri-lo, ao mesmo tempo que cresce a vontade de ler o livro (lá terei eu de ir à FNAC).


Não percebemos o que aconteceu, sabemos apenas que o planeta “morreu”, e com ele praticamente toda a vida terrestre. Sobrevivem alguns humanos, que se tornaram tão frios como o Inverno rigoroso que o cenário nos mostra. Há explosões, perseguições, mortes, torturas, mas nada disso é empolado, como acontece nos grandes blockbusters. Em vez disso, o que vemos é um pai e um filho que lutam todos os dias para se manterem vivos e a salvo, a salvo de tudo: do mau tempo, da fome, da maldade humana ou simplesmente do instinto de sobrevivência das outras poucas pessoas que ainda resistem. E sentimos uma agonia constante, um estado de pânico por sabermos que aquelas duas almas estão condenadas desde o primeiro momento. No entanto, no final somos brindados com uma leve sombra de esperança. Sabemos que não passa disso, mas depois de tanto sofrimento, sempre é melhor do que nada. Se este fosse um blockbuster, os produtores estariam já a pensar numa sequela!


Mas não é. E por isso saímos da sala com a sensação de murro no estômago, e a pensar na vida.


Agora que se fala tanto no sismo no Haiti, é impossível não estabelecer o paralelismo e pensar nas monstruosidades que podem estar a ser cometidas sob a justificação da sobrevivência… E isso não é ficção, literatura ou efeito especial, para aquelas pessoas é a dura realidade.

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