quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O Almoço

No mercado, o jovem peixeiro pensava naquela linda rapariga que volta e meia lhe levava o resultado da sua caça-submarina. E amaldiçoava-se por não ter tido a coragem, no dia anterior, de convidá-la para almoçar neste domingo de Sol. Os dois tinham um trato, ela levava-lhe o que caçava e nos dias em que não ia mergulhar, ele fornecia-lhe peixe da sua banca.
Por isso, naquele momento, ele sonhava acordado, imaginando aquela sereia a entrar no mercado. A reacção dos homens era sempre a mesma, acompanhavam a sua passagem de forma instintivamente hipnótica, típica de quem não consegue desviar os olhos de um objecto em movimento.
Mas naquele dia a sereia não deu à costa e ao fim da tarde corria a notícia de que tinha sido devorada por um tubarão, enquanto fazia caça-submarina.
Quando soube da tragédia, apenas um pensamento perverso ocorreu ao jovem peixeiro. Se a tivesse convidado para almoçar, provavelmente, teria sido ele a papá-la…

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