Se há coisa que eu gosto é de ir ao cinema ver um bom filme, e sair de lá a pensar na história, digeri-la, dissecá-la e guardar na memória as partes que me interessam.
Por estes dias fui ver dois bons filmes, que não deverão ficar nas salas muito mais tempo. O primeiro, que vi na quinta-feira passada, foi Alice no País das Maravilhas. Amei, como praticamente todos os filmes do Tim Burton a que assisti. Antes de ir ver, ouvi muitas pessoas queixarem-se de que o filme não trazia nada de novo à história original de Lewis Carroll. E então? Alguém esperava ir ver o Capuchinho Vermelho a fazer de Alice? Além disso, quem diz tal coisa engana-se redondamente: o que esta Alice traz de novo é o imaginário de Tim Burton, e haverá algo mais enriquecedor para uma história?
A magia de Burton está em conseguir fazer com que tudo aquilo pareça um quadro surrealista, mostrando um País das Maravilhas que pouco ou nada tem de maravilhoso, que representa a soma dos medos de Alice: o medo de crescer, de ser adulta, de ter de optar, de ter de deixar para trás os que ama e de não os querer desiludir, de não ter tempo... Será assim tão diferente da nossa realidade? Não vivemos todos nós com os nossos própios medos? Eu revejo-me nesta Alice, no seu medo de não ser capaz, de se sentir minúscula e frágil, ou gigante mas desajeitada. Deixou de ser a criança para quem o mundo dos adultos não fazia qualquer sentido e tornou-se na adulta que quer voltar a ser criança e acreditar que todos os impossíveis podem ser alcançados.
Além disso, temos a possibilidade de ver brilhar mais uma vez Johnny Depp, na pele de Elijah Wood... Ups, na pele do Chapeleiro!! Confesso que li esta comparação numa crítica e achei genial! Considero o Johnny Depp um actor brilhante, e a personagem do Chapeleiro é cativante pela sua integridade, lealdade e doçura, mas aquela falha nos dentes é muito Frodo Baggins...
Por fim, deixo ainda umas palavras sobre a banda sonora: ando a ouvi-la desde quinta-feira até agora e ainda não me cansei! Basta ouvir as músicas para me sentir teletransportada novamente para aquele mundo paralelo.
Por tudo isto vos digo, à semelhança do que li numa outra crítica: “I’ll always pay to see a Tim Burton’s film!”
Quanto ao outro filme que vi, vou deixar-vos na curiosidade... É que agora também não tenho tempo para escrever mais...
The clock is ticking...